Leopoldo Paulino, brasileiro, foi preso pela ditadura chilena.
Augusto Pinochet morreu neste domingo (10) em Santiago, no Chile
"Que boa notícia que você me deu. Maravilha! Essa é uma das melhores notícias da minha vida", comemorou Leopoldo Paulino, de 56 anos,ao saber da morte do ex-ditador Augusto Pinochet, neste domingo (10), no Chile.
Militante estudantil, integrante da Aliança Libertadora Nacional, Paulino foi preso no Brasil durante o 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Perseguido pela ditadura militar no Brasil, iniciada em 1964, refugiou-se no Chile sob o regime do socialista Salvador Allende, e acabou preso dias após Pinochet assumir o poder por meio de um golpe militar.
Autor do livro "Tempos de Resistência", hoje vereador pelo PSB em Ribeirão Preto, no interior paulista, afirma que saiu do Chile com o orgulho de não ter falado o que os militares queriam ouvir.
"Cheguei ao Chile antes do golpe. O golpe aconteceu em no dia 11 e nós fomos presos no dia 17. Fomos espancados na delegacia de estrangeiros, na rua General Machina. Passamos o dia na mão de policiais civis. Depois fomos soltos por causa do toque de recolher e ficamos perambulando pelas ruas", afirmou, em entrevista ao G1.
"No dia 19, entramos na Embaixada do Panamá, onde havia mais de 300 sul-americanos. Permanecemos lá por 20 dias, eu e minha mulher, que estava grávida, um filho de um ano e oito meses e uma companheira acometida por transtornos mentais. Por causa da pressão exercida pelo governo panamenho, conseguimos o salvo conduto para Buenos Aires, quando a Argentina era governada por Juan Domingo Perón. De lá, voltei para o Brasil a tempo de fugir da ditadura argentina", conta.
'Um prédio em cima de mim'
Amigo de Paulino e perseguido político no Brasil, o dirigente do MD (antigo PPS) Paulo Azevedo evita comemorações. "Seria bom que ele continuasse vivo para pagar pelos crimes que cometeu e devolver o dinheiro que roubou", diz ele, que viveu no Chile antes do golpe e voltou clandestinamente ao território brasileiro.
Amigo de Paulino e perseguido político no Brasil, o dirigente do MD (antigo PPS) Paulo Azevedo evita comemorações. "Seria bom que ele continuasse vivo para pagar pelos crimes que cometeu e devolver o dinheiro que roubou", diz ele, que viveu no Chile antes do golpe e voltou clandestinamente ao território brasileiro.
O político conta que teve amigos perseguidos pelo regime. "Um deles, de origem japonesa quase foi fuzilado pelos militares, que o confundiram com um chinês", afirma. A China, comunista, era declaradamente um dos maiores inimigos do regime chileno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário